Bahia, 25 de Abril de 2024
INTERNACIONAL

Uma a cada três vítimas de tráfico humano no mundo é menor de idade, afirma a ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou nesta segunda-feira, em Viena, que uma a cada três vítimas de tráfico humano no mundo é menor de idade.
Por: EFE Brasil
24/11/2014 - 19:28:47

A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou nesta segunda-feira, em Viena, que uma a cada três vítimas de tráfico humano no mundo é menor de idade - um aumento de 5% em comparação aos dados anteriores - e que as mulheres representam 70% das atingidas por esta 'forma de escravidão moderna'.

O 'Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas' do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) analisa a situação deste crime contra os direitos humanos, com dados de 40 mil casos relatados entre 2010 e 2012. Os números mostram que se trata de um problema mundial, que atinge 152 países de origem e 124 países de destino, e que os casos documentados são apenas 'a ponta do iceberg' de uma situação que afeta 'milhões' de pessoas, explicou à Agência Efe a pesquisadora-chefe do relatório, Kristiina Kangaspunta.

O tráfico humano consiste em recrutar, transportar e reter uma pessoa mediante o uso da força, coerção ou engano, a fim de explorá-las, não apenas com fins de trabalho ou sexuais, mas também para mendigar e, inclusive, para o tráfico de órgãos.

Os trabalhos forçados, no setor manufatureiro, têxtil, da construção e em trabalhos domésticos, aumentaram de maneira constante nos últimos cinco anos, denuncia a ONU, ao precisar que 35% das vítimas são mulheres. Em algumas regiões, como a África e o Oriente Médio, a maioria das vítimas são menores, contabilizando 62% do total, enquanto na Europa representam 18%, indica a entidade.

Também estão crescendo os casos de exploração para fins não sexuais ou de trabalho forçado, como a mendicidade, pequenos furtos ou forçar menores a combater em conflitos armados, adverte o relatório.

Outro problema deste crime é a impunidade dos autores por conta da complexidade transnacional do delito, unido a brechas da lei ou à existência de funcionários que carecem de preparo para persegui-los. A impunidade, unida aos grandes lucros econômicos dos exploradores, já que o delito gera US$ 32 bilhões anuais, faz com que essa seja uma atividade atrativa para o crime organizado, indica a ONU.

O relatório destaca que em 40% dos países foram registrados pouca ou nenhuma condenação por este delito, e nos últimos dez anos não houve qualquer aumento apreciável na resposta penal contra o tráfico humano. A grande maioria dos condenados, 72%, são homens e cidadãos do país no qual exploraram suas vítimas, segundo o relatório.

'Muitas pessoas vivem em países com leis que não estão em conformidade com os padrões internacionais que possam dar-lhes plena proteção', alertou o diretor-executivo de UNODC, Yury Fedotov, que cifrou em dois bilhões as pessoas que vivem com legislações deste tipo.

A ONU adverte que este delito 'escondido' acontece em todos os lugares do planeta e Kristiina, a investigadora responsável do estudo, assegura: 'todos já vimos alguma vítima de tráfico humano, mas não a reconhecemos'.

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