Bahia, 28 de Março de 2024
DOM JOSÉ ÉDSON

Dom José Édson: Evangelho de Mateus abrindo caminhos para a Pastoral e os Nômades
Na época que foi escrito, os cristão viviam o drama da expulsão das sinagogas e da perseguição por parte de seus irmãos na fé, como nossos irmãos ciganos até hoje encontram rejeição.
Por: Jackson Domiciano
18/09/2014 - 20:13:31

Perguntamos ao Bispo Diocesano de Eunápolis Dom José Édson: Como as Igrejas viam os ciganos? Propomos uma conversa para outra ocasião sobre as vida dos nômades. Como os homens e as mulheres enxergavam esses irmãos, que sobrevivem há séculos sob o olhar perverso de outras raças. Sob as perseguições, as perversidades.

Para nossa surpresa, o Bispo Dom Édson, educadamente nos enviou esse texto bíblico, que fala muito profundamente sobre os nômades. Veja abaixo:

“O Evangelho de Mateus nos revela um Deus fiel às suas promessas e que está sempre conosco. Ele confirma a certeza dizendo que, em Jesus de Nazaré, Deus continua caminhando conosco! Ele está, porque sempre esteve, no meio de nós! Assim, todas as vezes que nos reunimos para estudar e rezar a Palavra torna-se, por este gesto, um sinal da presença de Deus ali onde Deus nos colocou: no meio dos nômades.

O Evangelho de Mateus é um Evangelho de consolação. Na época que foi escrito, os cristão viviam o drama da expulsão das sinagogas e da perseguição por parte de seus irmãos na fé, como nossos irmãos ciganos até hoje encontram rejeição.

O texto evidencia com clareza o papel de Jesus como aquele que veio cumprir toda a Escritura. Mateus apresenta Jesus como o novo Moisés, revelador da nova e verdadeira Lei, ponto culminante de toda a história do povo de Deus. As comunidades cristãs eram continuadoras da mesma caminhada iniciada com Abraão. Elas também eram, como os nômades, Povo de Deus.

Este Evangelho pede uma nova prática, na busca da verdadeira justiça. Uma justiça que vem de Deus e que deve ser maior do que a justiça praticada pelos fariseus. Jesus é o verdadeiro mestre da justiça, ensinando que a prática do amor é o maior dos mandamentos.

Dessa forma, o Evangelho de Mateus mostra que os cristãos venceram a tentação de fechar-se em si mesmos. Mostra que a Travessia para além de todas as divergências é possível. Eles não se fecharam em si mesmos mas identificaram-se com o sal da terra e a luz do mundo. Descobriram que a sua missão era a abertura para todos os povos, levando a eles a Boa Notícia da sua experiência de Deus, recebida de Jesus. Ele está no meio de nós. Nós somos todos irmãos e irmãs. Não podemos excluir ninguém, especialmente nossos irmãos nômades. Devemos ser como o fermento na massa que, agindo no silêncio e desaparecendo na própria massa, permite que ela fique totalmente levedada.

Mateus quer que respondamos a pergunta: "Quem somos nós? Qual a nossa Missão?"

De todo o Evangelho destaco o capítulo 21,1-11 que retrata a entrada de Jesus em Jerusalém montado num jumentinho que, conforme as profecias, era a característica do rei justo, pobre e desarmado. Hoje celebramos a entrada de Jesus em Jerusalém com ramos. A origem dessa aclamação vem da Festa das Tendas que era realizada no outono, depois da colheita (Dt 16,13; Lv 23,34). Ela lembrava o tempo em que o povo israelita fazia sua caminhada pelo deserto, morando em tendas. Por isso, durante uma semana, eles recolhiam ramagens e formavam tendas por toda parte (Ne 8,14-17). O povo agitava os ramos e dizia: "Bendito o que vem em nome do Senhor". E os sacerdotes respondiam: "Da casa de Javé nós vos abençoamos" (Sl 118,25-27). A Festa das Tendas era um momento de alegria e de louvor, que mantinha a identidade do povo e lhe dava resistência”.

Qual a prática que deve brotar desse momento para nossa missão como agentes da pastoral dos nômades?

Extraído de: A PALAVRA NA VIDA

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